Série: Golpe de 64 - Torturados Políticos
Não poderia deixar de começar a escrever esta série com um personagem diferente.
O Pernambucano, GREGÓRIO BEZERRA.
Tive o prazer de morar em Casa Forte durante muitos anos de minha vida (hoje moro em Brasília), foi em Casa Forte que frequentei o Encontro de Jovens com Cristo; foi em Casa Forte que ia as missas, com o Padre Edwaldo, todos os Domingos; Foi em Casa Forte que me casei; em Casa Forte conheci pessoas maravilhosas durante o tempo que frequentei o EJC (Meus padrinhos Luciano e seu irmão Eduardo Telles); Foi em Casa Forte que tive muitas alegrias e, também, muitas tristezas.
A maior tristeza que tive em Casa Forte, foi saber que lá morava também o TORTURADOR do lider revolucionário GREGÓRIO BEZERRA -O ASQUEROSO Coronel DARCY VIANA VILOCK.
Muitas vezes passava em vfrente ao prédio onde ele morava e, lá estava ele, sentado em uma cadeira de rodas, tomando a sua sessão diária de luz solar (assim como os presos e torturados por ele faziam na prisão). Muitas vezes, tive vontade de parar o carro e lhe dizer algumas coisas que ele deveria ter escutado. Mas, graças a Deus, forças maiores me impediram de fazer isso, e outras coisas que tinha preparado.
GREGÓRIO BEZERRA foi analfabeto até os 25 anos de idade, carregador de bagagens na Estação Central de Recife; jornaleiro e ajudante de obras.
Começou a se interessar por política quando trabalhava com jornaleiro. Como não sabia ler, seus colegas de profissão era quem liam os jornais locais.
GREGÓRIO alfabetizou-se, quando alistou-se no exército, em 1922. Entrou para a Escola de Sargentos em 1929.
No ano seguinte, em 1930, filiou-se ao Partido Comunista do Brasil. 5 anos mais tarde, liderou a INTENTONA COMUNISTA, levante militar promovido pela ALIANÇA NACIONAL LIBERTADORA.
Preso, no presídio Frei Caneca (Rio de Janeiro), depois de passar por Fernando de Noronha, dividiu cela com LUIS CARLOS PRESTES.
Em 1946, depois de anistiado, elegeu-se Deputado Federal por Pernambuco. Foi o deputado constituinte mais votado do estado.
Juntamente com todos os parlamentares comunistas, teve o seu mandato cassado em 1948.
Após o golpe militar de 1964, foi preso e transferido para o Recife, onde foi torturado e arrastado pelas ruas do bairro de Casa Forte, pelo Tenente Coronel do Exército DARCY VIANA VILOCK, tendo os seus pés submergidos em solução de bateria de carro, ficando em carne viva, e, sendo arrastado com uma corda no pescoço pelas ruas do bairro.
GREGÓRIO BEZERRA passou 22 anos de sua vida preso, exclusivamente por motivos políticos, sendo motivos políticos, sendo comparado a NELSON MANDELA, que ficou 27 anos na prisão.
Antes de morrer, Gregório declarou: Gostaria de ser lembrado como o homem que foi amigo das crianças, dos pobres e excluídos; amado e respeitado pelo povo, pelas massas exploradas e sofridas; odiado e temido pelos capitalistas, sendo considerado o inimigo número um das ditaduras fascistas.
Em homenagem a Gregório Bezerra, o poeta Ferreira Gullar escreveu a poesia Feito de ferro e flor.
Por: Filipe Cunha Barreto Gomes Franca
Para a Revista Armazém 15